Brincar ao ar livre: ferramenta poderosa de conservação ambiental

Por: Lucas Aquino Silva

Em estudo publicado em 2011, cientistas estimaram a quantidade de espécies existentes na Terra e chegaram número de 8,7 milhões ( com margem de erro de 1,3 milhão). Deste montante, 6,5 milhões seriam de espécies marinhas enquanto que o ambiente terrestre seria habitado por 2,5 milhões de espécies. Segundo a Lista Vermelha mais recente até 2011, feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, cerca de 19.625 espécies estavam classificadas como ameaçadas, número este que provavelmente deve ter aumentado nas publicações mais recentes a 2017.

 Apesar destes números expressivos apresentados acima, algumas pessoas, quando questionada sobre a percepção da biodiversidade que elas possuem, muitas não conseguem citar mais de uma dezena de espécies. O problema parece se agravar quando pensamos nas crianças das gerações mais recentes. Com todos os avanços tecnológicos alcançados, brincar e realizar atividades em meio à natureza passou a ser menos prestigiado do que gastar horas em frente às telas de computadores, celulares e videogames.

Os motivos para tal acontecimento podem ser os mais diversos possíveis, desde a insegurança dos pais de deixarem sues filhos praticarem atividades ao ar livre até a dificuldade de acesso a áreas naturais, tendo em vista que o processo de urbanização, muitas vezes está atrelado a supressão de áreas naturais que acabam com o deslocamento de populações naturais e às vezes até mesmo a extinção local de algumas espécies.

Pensando em termos de conservação das espécies e dos ambientes naturais, a perda do contato mais intimo das pessoas, principalmente na fase da infância, pode ter impactos negativos significativos. Como vamos esperar que haja progresso nas causas ambientais, se as pessoas estão cada vez mais se distanciando da natureza? Como vamos esperar que as crianças sejam futuramente, pessoas engajadas à defesa das espécies , se muitas vezes os principais animais que elas tiveram contato são aqueles que constituem a chamada “fauna urbana” , sendo que boa parte delas são consideradas pragas (baratas, ratos e vespas, por exemplo) das quais muitas pessoas tem medo e nojo e que por isso sua primeira reação seja matá-las.

Estudos demonstram que realizar atividades ao ar livre, está diretamente relacionado ao desenvolvimento do nosso sistema imunológico podendo evitar o desencadeamento de alergias, por exemplo, e até mesmo o desenvolvimento da nossa cognição e criatividade, por meio da observação dos componentes e fenômenos dos ambientes naturais. Quem não se lembra da história de Isaac Newton (Figura 1), que formulou a teoria da gravidade ao ver uma maça cair da árvore, ou ainda de Charles Darwin, que propôs a teoria da evolução baseado na observação dos tentilhões em Galápagos.

figura 1
Figura 1. Caricatura de Isaac Newton que propôs a teoria da gravidade pela observação da natureza. 

Estimular nossas crianças a ter contato com a natureza desde pequenas pode ser uma boa estratégia aliada às práticas de conservação. Se quisermos salvar nosso planeta das ameaças que causamos a ele, parece razoável pensar que antes mesmo de combater a emissão de gases do efeito estufa, por exemplo, estimular nossas crianças a ter um maior afeto e interação com a natureza pode ser uma boa alternativa, pois futuramente eles podem se tornar uma grande força às ações ambientais, já que assim elas irão saber da importância de lutar por um planeta mais saudável e equilibrado.

 

Referências :

http://agencia.fapesp.br/cientistas_calculam_quantas_especies_existem/14383/

https://www.theguardian.com/commentisfree/2012/nov/19/children-lose-contact-with-nature

Fonte da foto: Fonte: https://ciencianamidia.wordpress.com/2010/01/20/e-entao-a-maca-nao-caiu-na-cabeca-de-newton/

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